terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Os bois agora estão contra os ambientalistas

Carlos Eduardo Spohr

Segundo a edição de outubro de 2007 do jornal Bem Estar, o consumo de carne pode ser um aliado significativo a favor do aquecimento global. É o que conclui o relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, entitulado “A grande sombra da pecuária”. O documento apresenta dados que afirmam ser o setor pecuário mais poluente que o segmento dos transportes, no que concerne à emissão de CO2. Além disso, a pecuária causaria outros transtornos ambientais como escassez de recursos hídricos. A discussão, que antes era apenas uma retórica da ideologia vegetarianista, tem agora os fundamentos científicos necessários para que passe a ser pauta em todas as esferas que tratam do aquecimento global.
A criação de gado cresceu cinco vezes nos últimos cinqüenta anos, atingindo hoje um número estimado de 6 bilhões de cabeças. Estes animais liberam, através dos dejetos fecais, um gás chamado óxido nitroso, com potencial quase 300 vezes maior de aquecimento global que o gás carbônico. Além disso, é também no arroto bovino que se concentra uma arma perigosa para o aquecimento do planeta. É nesta parte do processo digestivo que o animal libera gás metano superior em 23 vezes ao potencial poluidor do CO2.

Biólogo alerta para o leque de devastação provocada pelo animal

Como se não bastasse a produção de gases, os bovinos também são os grandes causadores da erosão do solo, da desertificação e da escassez de recursos hídricos. É o que adverte o biólogo e ativista Sérgio Greif, em entrevista concedida à revista Època On-Line. O Brasil possui mais de 200 milhões de cabeças de gado atualmente, que teoricamente necessitariam de uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados para se sustentarem. Este território destinado à pecuária extensiva representa desflorestamento da mata nativa e realocação da fauna natural. Quanta à questão hídrica, cerca de 70% da água doce captada pelo homem é destinada à agricultura. Um quilo de carne bovina demanda, em média, consumo de 43 mil litros de água, envolvendo a água que o animal ingere e a água usada no abate e corte.
Diante destas informações, precisamos apenas ficar atentos se o discurso é procedente ou apenas recursos de retórica dos vegetarianos de plantão.

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